“É covardia usar mulheres para justificar”, diz ex-Secretário de Segurança sobre ES

  • Por Jovem Pan
  • 08/02/2017 14h22
Johnny Drum/ Jovem Pan

A paralisação da polícia militar no Espírito Santo deixou o estado em uma situação de caos e “barbárie”. Para analisar e entender o que está acontecendo, o Pânico na Rádio desta quarta-feira (8) recebeu o coronel e ex-Secretário Nacional de Segurança, José Vicente da Silva.

Para ele, “é uma certa covardia usar mulheres e crianças para justificar a paralisação [da policia militar]”. “Quem quer paralisar assume o risco”, disse ao defender o motivo pelo qual os policiais decidiram pela paralisação.

“Eles estão pedindo dinheiro para atualizar minimamente o salário e o fazem com razão, mas não se pode admitir que a polícia pare. É uma questão de consciência social de sua posição. A população é que está pagando o pato”, analisou.

O caos que se seguiu à paralisação dos policiais militares foi justamente resultado da “falta de vigilância”. “Quando se tem uma aparência de desordem, tudo sai do controle; com um corte na ordem pública as pessoas soltam os freios, é assustador. Se não temos ordem, corre-se o risco de uma barbárie”, afirmou o ex-secretário.

O coronel afirmou que, no momento, o governo não tem como aumentar os salários dos policiais e isso é resultado de uma falta de infraestrutura e programas que consigam comportar os gastos com segurança. No Pânico, ele sugeriu uma solução inesperada, através da legalização do jogo do bicho.

“Dezenas de países fazem o jogo controlado e o jogo pode levantar impostos de R$20 bilhões por ano. Em 5 anos, com 30% do valor, bancamos todo o custo da segurança do país para melhorar salário, equipamentos e presídios”, defendeu. “O governo precisa de uma fonte de financiamento para a segurança, que é cara”, observou.

José Vicente da Silva ainda alertou para a desaceleração da atividade da polícia em outros estados, como o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul. “A polícia vai parando aos poucos e o crime vai acelerando. A crise, no começo, não é tão vistosa como no ES, mas ela vai pipocando e depois começa um processo que pode continuar por 5 anos”, reforçou.

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